segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Nega Lilu: Dança: espetáculo Nega Lilu (primeiras imagens)
Nega Lilu: Dança: espetáculo Nega Lilu (primeiras imagens): Espetáculo: Nega Lilu Coreografia: Valeska Gonçalves Elenco: Flora Maria e Valeska Gonçalves 11 de novembro de 2001, Espaço Quasar/GO ...
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Homenagem ao Dario Nunes. Participação do grupo Sertão no Espaço Cultural Geppetto
A homenagem será através da realização de um show com o grupo Sertão e pizzada, como é tradição na Geppetto. O professor Dario integrou o Departamento de Filosofia e Teologia da UCG, atual PUC-Goiás, sendo considerado pelo jornalista Washington Novaes uma figura com forte presença política na resistência ao golpe militar na década de 60 e apoio à luta para recuperação dos direitos cassados pela ditadura no Brasil."
A parte musical da noite ficará por conta do grupo instrumental Sertão, que surgiu em Goiânia há cerca de 2 anos, formado por Olavo Telles (viola caipira), Luiz Fernando Clímaco (violão), Jeferson Leite (rabequeiro/violista) e o percussionista Flavinho Borges. Participação especial, Pedro Vaz (viola) e Luciana Clímaco (voz).
O Sertão faz música instrumental popular com ecos da erudita e influência do Movimento Armorial. No repertório predominam as composições próprias, com algumas interpretações de músicas do cancioneiro popular e regional brasileiro.
O serviço terá início às 20 h e o show às 22 h. Contribuição de R$ 25,00 por pessoa, incluindo o show e as rodadas de pizza.
Endereço: Rua 1013 Qd.39 Lt.11 N°467 Setor Pedro Ludovico, Goiânia-Goiás
Telefone: (62) 3241 8447
Telefone: (62) 3241 8447
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Os caminhos da generosidade
Washington Novaes
Quatro dias após a data que marcava o 47º aniversário do golpe militar de 1964, às primeiras horas desta última segunda-feira, Goiás ficou mais pobre, em termos humanos, com a morte do ex-reitor da Universidade Católica, ex-professor de Filosofia do Direito, Dario Nunes Silva, aos 81 anos. Talvez poucas pessoas o saibam por aqui. Mas Dario foi figura exponencial da resistência ao golpe militar, do apoio, desde a primeira hora, aos estudantes e à sociedade em seus movimentos pela recuperação dos direitos cassados pela ditadura. Assim como teve atuação relevante na área social, em apoio aos setores mais carentes.
No pós-64, o foco de atuação de Dario era o Colégio São Vicente, nas Laranjeiras, Rio, onde, padre formado no Caraça (MG), era professor. Ali se reuniam muitos intelectuais e jornalistas, na época, para discutir com dignatários da Igreja Católica - d. Jorge Marcos, bispo de Santo André; d. Davi Picão, bispo de Santos; d. Cândido Padim, bispo no interior de São Paulo - e com os próprios sacerdotes do São Vicente, como apoiar os movimentos sociais e estudantis antiditadura. Era frequente encontrar nas reuniões o escritor Antônio Callado, o professor e crítico de arte Mário Pedrosa, o psicanalista e escritor Hélio Pellegrino, os jornalistas Newton Carlos, Jânio de Freitas, Ziraldo, Darwin Brandão, Zuenir Ventura - muita gente. Dario - ao lado de seus companheiros João Batista (hoje psicanalista), Marçal Versiani (depois jornalista de O Globo e escritor, já falecido), Luciano Castello (hoje psicólogo), Márcio (já falecido), Jorge e o diretor, padre Almeida - era um dos que mais se envolviam na questão.
As discussões em certos momentos eram memoráveis. Como no dia em que d. Cândido Padim dizia que a Igreja, enquanto instituição, não deveria envolver-se naquela questão política, porque corria o risco de errar e isso teria graves reflexos sobre a "Igreja povo de Deus". Esta poderia, por sua conta, correr riscos; a Igreja-instituição, não. Jânio de Freitas, zombeteiro, interrompeu: "Se eu bem entendo, a Igreja, quando acerta, é a Igreja-instituição; quando erra, é a Igreja-povo de Deus..." Num ex-convento dos Irmãos Maristas, em Mendes, também houve discussões extraordinárias entre Mário Pedrosa e os bispos. Quem ouviu, não esquece. Outro momento marcante foi a missa pela alma do guerrilheiro morto Carlos Marighela, celebrada no São Vicente por vários padres, na presença de poucas pessoas. Não significava apoio nem endosso aos caminhos de Marighella, e sim um ato de generosidade cristã e de repúdio aos caminhos da ditadura para eliminá-lo e desaparecer com seu corpo.
O apoio de intelectuais e da Igreja foi muito importante para a resistência à ditadura, que culminaria na "Passeata dos 100 mil", no Rio de Janeiro. Mas veio o Ato Institucional nº 5, cassou todos os direitos civis, fechou a porta a qualquer resistência. Dario sofreu, pagou caro como tanta gente. Acabou indo primeiro para Minas Gerais, depois veio na década de 70 para Goiás, onde foi trabalhar com o bispo d. Thomaz Balduíno. Casou-se com Terezinha, companheira fiel e dedicada de décadas. Nasceram os filhos Paulo e Letícia. Apaixonou-se pelo Araguaia. E depois de muitas voltas, chegou à Universidade Católica, à cátedra, à reitoria.
Episódio comovente, alguns anos depois, mostrou o espaço único que Dario ocupava no coração de tanta gente. Paulo, seu filho, foi baleado na cabeça - sem que até hoje se saiba por quem nem por que - quando aguardava um ônibus, no ponto. Passou semanas entre a vida e a morte. Mas deve ter sentido a força de uma manifestação alguns dias mais tarde, quando centenas de pessoas, entre elas d. Thomaz Balduino, deram um abraço no Hospital Neurológico, onde Paulo estava internado. Sobreviveu milagrosamente, lúcido, forte, amigo dedicado como o pai.
Dario deixou tudo organizado para o dia em que se fosse. Registrou documento em cartório manifestando sua vontade de que não houvesse velório, nem cerimônias, nem pompas, nem manifestações. Tudo muito simples, como era ele. Até o momento de encaminhar o corpo para a cremação. E de distribuir suas cinzas por Campina Verde, cidade mineira onde nasceu; Colégio Caraças, onde se formou padre; o Rio Araguaia, que dobrou seu coração; e Goiânia, que o acolheu e amou. E assim foi feito.
Hoje, deve estar ele por aí, olhando por aqueles que amou - e que o amaram em vida. Mas não apenas eles. Olhando também por todos os desassistidos, despossuídos da sorte, que ocuparam grande parte de sua vida e de sua atuação, como sacerdote, professor, ser humano. Velando com a mesma modéstia, que sempre o caracterizou. Mas com o mesmo desejo de transformar o mundo, torná-lo mais justo, mais igualitário. Sua memória permanecerá.
Washington Novaes é jornalista
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